A câmara passeia pelo lixo e vai encontrar urubus e outros animais alimentado-se dele. E é através do lixo, ainda, que seremos introduzidos às histórias e visões de mundo das pessoas que - surpreendentemente para nós, habitantes privilegiados das cidades - o converte em material de consumo e sustento.
O que vem a seguir serve, de algum modo, para confirmar aquilo que já supúnhamos saber, os catadores se escondem, protegem seus rostos da intromissão do invasor e sua câmera, e a nossa conclusão: eles têm vergonha de trabalharem ali naquele local que para nós, espectadores, é desconcertante. Estão ali, ainda segundo nossa visão, porque não há definitivamente outra opção, vítimas que são de um sistema social injusto e contraditório etc. etc. e seguimos, seguros, lançando mão de um sem número de outros jargões e lugares comuns, adquiridos ao longo de nossas vidas cômodas e confortáveis, bem diferente daquele mundo abjeto.
Mas aí quando adquirimos a certeza de que já entendemos tudo, Coutinho nos surpreende outra vez. Ele monta três depoimentos de três catadoras de lixo que afirmam estar ali por opção, que preferem o lixo, no dizer de uma delas, a trabalhar em casa de família, porque, segundo outra, "tem uma porrada de mulher aqui, uma porrada de homem… que trabalha aqui porque é relaxado, porque prefere comer fácil, porque aqui cai batata, porque aqui cai de tudo pra se comer, muita gente come porque quer", e outra, "trabalhar aqui… eu tenho orgulho de trabalhar aqui!, porque não tenho que ir na casa de ninguém pedir…"
Esse é um pouco do quadro que esse instigante filme de Eduardo Coutinho nos mostra!
Veja-o!
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terça-feira, 19 de agosto de 2008
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